Em todo mundo, nascem anualmente 20 milhões de crianças prematuras e/ou com baixo peso (inferior a 2.500g ao nascimento, sem considerar a idade gestacional). Dessas, um terço morre antes de completar um ano de vida. A condição de prematuridade (recém-nascido que não completou 37 semanas de gestação, a despeito do peso de nascimento; classificada em: prematuridade limítrofe – 35 a 37 semanas incompletas; prematuridade moderada – gestação de 31 a 34 semanas; prematuridade extrema – gravidez inferior a 30 semanas), no recém-nascido (RN) constitui-se em grande problema de saúde infantil.¹
A prematuridade é decorrente de circunstâncias diversas e imprevisíveis, em todos os lugares e classes sociais. Acarreta às famílias e à sociedade em geral um custo social e financeiro de difícil mensuração. Exige da estrutura assistencial capacidade técnica e equipamentos nem sempre disponíveis. Afeta diretamente a estrutura familiar alterando as expectativas e anseios que permeiam a perinatalidade. É difícil avaliar os componentes que influenciam e são influenciados pelo complexo processo do nascimento prematuro.²
A Organização Mundial da Saúde estabelece um peso inferior a 2.500g como critério para o Baixo Peso ao Nascer (BPN); esses recém-nascidos têm 20 vezes mais probabilidade de morrer do que as crianças com maior peso. Além disso, o risco de morte varia até 100 vezes com as variações do peso ao nascer (PN). Tal risco é acrescentado pela redução do peso. O BPN pelo Retardo do Crescimento Intra Uterino é associado com crescimento insuficiente durante a infância e uma elevada incidência de doenças na vida adulta, como diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.³
A prematuridade como causa de mortalidade infantil tem sido estudada em diferentes países, e os estudos constatam que inúmeras são as causas que levam um bebê a nascer prematuro, especialmente as relacionadas ao aparelho genital feminino, alterações placentárias (placenta prévia e descolamento prematuro) e excesso de líquido amniótico. Outros fatores incluem: a idade materna (maior incidência em mães mais jovens, infecções maternas, primiparidade (mais freqüente no primeiro filho).²
A prematuridade é a principal causa de morbidade e mortalidades neonatais. Ela acontece quando o feto nasce antes do tempo em decorrência de alguma complicação durante a gravidez, sendo estes de causas evitáveis ou não. Por isso, a prevenção deste mal é um grande desafio para obstétricos neste início do século. Sabe-se que não se trata de uma tarefa fácil, pois depende não apenas da área médica, mas sobretudo trata-se de um caráter social e educativo. 5
A etiologia do parto prematuro é multifatorial. Há que se considerar a preocupação constante com os recém-nascidos prematuros bem como com as condições perinatais que sobre eles repercutem. A fragilidade dos recém-nascidos prematuros contribui para a possibilidade eminente de riscos, agravos e sequelas de diversos tipos com diferentes consequências e interveniências no processo do desenvolvimento e crescimento infantil. Portanto, faz-se necessário prever e considerar riscos e prognósticos para que se possa eventualmente instaurar e promover medidas preventivas.²
A prematuridade também aumenta o risco de adaptação à vida extrauterina, decorrente sobretudo da imaturidade anatomofisiológica. O recém-nascido (RN) prematuro pode apresentar uma série de complicações após o nascimento, e, muitas vezes associado à prematuridade encontra-se o RN com baixo peso, acentuando ainda mais os riscos de morbidade e mortalidade infantil.4
A imaturidade geral pode levar à disfunção em qualquer órgão ou sistema corporal, e o neonato prematuro também pode sofrer comprometimento ou intercorrências ao longo do seu desenvolvimento.²
Nos dias atuais, os fatores de risco para prematuridade vêm sendo discutidos com frequência entre os profissionais e as instituições de saúde, com a finalidade de transformar tal realidade, ampliando e focalizando a assistência à tríade mãe/filho/família. Autores descrevem que, entre os fatores de risco fisiológicos relacionados à prematuridade, acham-se envolvidas também dimensões sociais, políticas e institucionais, e que a noção de risco individual passa por uma nova compreensão: a de vulnerabilidade social. 4
Referências bibliográficas
¹ARIVABENE, JC; TYRRELL, MAR. Método mãe canguru: vivências maternas e contribuições para a enfermagem. Rev. Latino-Americana Enfermagem. vol.18 (2): [07 telas] mar-abr., 2010.
²RAMOS, HAC; CUMAN RKN. Fatores de Risco para prematuridade: pesquisa documental. Rev. De Enfermagem Esc. Anna Nery. vol.13(2):297-304. abr-jun, 2009.
³ CASTANO, et al. Retardo no crescimento intrauterino, baixo peso ao nascer e prematuridade em recém-nascidos de grávidas com malária, Colômbia. Revista da Sociedade Brasileira de medicina tropical. Vol 44(3): 364-370. mai-jun,2011.
4CHAGAS, Rute; et al. Análise dos fatores obstétricos, socioeconômicos, comportamentais a frequência de recém-nascidospré-termos em uti neonatal.Revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem Pediátrica. Vol9nº1. p. 7-11. São Paulo: Julho, 2009.
5 MARCONDES, Eduardo. Pediatria básica: pediatria clinica especializada. 9 ed. São Paulo: Savier, 2004.
By Enfermeiras Bruna Sousa e Mayara Neves
Nas Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN), os recém-nascidos recebem cuidados especializados diariamente, exigindo dos profissionais da área grandes habilidade, vigilância, conhecimento, dedicação, atenção sensibilidade e humanização, pois o paciente assistido não fala é extremamente vulnerável e altamente dependente dos profissionais que lhes assistem. É um processo complexo e cuidadoso, onde a enfermagem tem o papel de promover a adaptação dos recém-nascidos no ambiente extra-uterino, promovendo o equilíbrio térmico, a monitorização dos sinais vitais, fornecendo a alimentação devidamente adequada, afastar quaisquer possibilidades de infecção, estimular o vínculo com os pais, supervisionar e coordenar os serviços de enfermagem dentro da unidade.
CUIDADOS DE ENFERMAGEM AO PREMATURO
É importante atentar para uma reflexão da necessidade de reforçar a assistência pré-natal, considerando que o mesmo compreende um conjunto de atividades com fins de identificar, o mais precocemente possível, riscos para o feto e à mãe, favorecendo a implementação de uma assistência eficaz.¹
Desse modo, compete à Enfermagem e aos outros profissionais de saúde acompanhar adequadamente a gestante no serviço de pré-natal, não só na realização das consultas e busca de pacientes faltosos, como também atentar às variáveis que configuram seu estilo de vida e que podem influenciar na saúde materno-fetal. ¹
A enfermagem que atua nas UTINs deve ter um amplo conhecimento de reanimação neonatal; admissão do recém-nascido; cuidados gerais com a higiene do mesmo; controle térmico; controle da dor; nutrição; princípios na administração de medicamentos; cuidados pré e pós-operatórios gerais; patologias e cuidados de enfermagem nos pacientes com distúrbios: respiratórios, cardíacos, hidroelétroliticos, gastrointestinais, neurológicos e hematológicos; infecções (tipos e profilaxia); transporte de recém-nascido de alto risco; colheita de exames laboratoriais; evoluções de enfermagem; cuidados centrados na família; alta hospitalar; perda perinatal e cuidados praticados no método canguru.³
Vivemos na era da globalização, do avanço do conhecimento técnico e científico, da divulgação de recentes e fantásticas descobertas, porém permanece o maior desafio à humanidade: o controle da morbimortalidade, da manutenção da saúde, do uso de conhecimentos e de instrumentos e formas capazes de garantir a vida. Essa qualidade não está atrelada somente às questões relacionadas ao processo saúde/doença, mas reflete diretamente as condições do nascer, sobreviver e existir.²
Referências Bibliográficas
¹CHAGAS, Rute; et al. Análise dos fatores obstétricos, socioeconômicos, comportamentais a frequência de recém-nascidospré-termos em uti neonatal.Revista da Sociedade Brasileira de Enfermagem Pediátrica. Vol9nº1. p. 7-11. São Paulo: Julho, 2009.
²RAMOS, HAC; CUMAN RKN. Fatores de Risco para prematuridade: pesquisa documental. Rev. De Enfermagem Esc. Anna Nery. vol.13(2):297-304. abr-jun, 2009.
³TAMEZ, Raquel Nascimento; SILVA, Maria Jones Pantoja. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém-nascido de alto risco. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
³TAMEZ, Raquel Nascimento; SILVA, Maria Jones Pantoja. Enfermagem na UTI neonatal: assistência ao recém-nascido de alto risco. 4 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
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